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terça-feira, agosto 15, 2006

vítimas da perversidade humana

«Animais vítimas da perversidade humana»

Portugal Diário
2005/08/08 | 21:49 Paula Cosme Pinto

«Há verdadeiros requintes de malvadez por parte dos humanos». Espancados, afogados, queimados, mutilados para rituais satânicos. Também o abuso sexual é cada vez mais comum. As autoridades «fecham os olhos», queixam-se as associações.

«Dumbo, com cerca de um ano e meio, foi queimado com pontas de cigarro na barriga, orelhas e nariz.» «Doris foi encontrada com cortes de faca, costelas deslocadas e vagina em carne viva.» «Preto foi pontapeado e regado com gasolina. Felizmente foi recolhido antes de lhe terem ateado fogo.» Estas são apenas algumas das histórias dos muitos bichos que chegam às associações portuguesas de defesa dos animais.

«A perversidade humana não tem fim», afirma Sandra Cardoso, da SOS Animal. A opinião é partilhada pela maioria das associações. «Grandes ou pequenos, os animais são vítimas de verdadeiros requintes de malvadez», confirma Miguel Moutinho, da ANIMAL.

Espancados com paus, enrolados em arame farpado, atirados de pontes, afogados, queimados, mutilados para rituais satânicos. «São inúmeras as atrocidades a que os animais são submetidos», acusa Margarida Namora da União Zoófila. «As pessoas descarregam as frustrações nos mais fracos e os bichos estão mesmo a jeito.»

As associações acolhem os animais e tentam reabilitá-los, mas «muitas vezes acabam por morrer». «Chegam às nossas mãos muito magoados, física e psicologicamente», conta Sandra Cardoso. A falta de meios e de subsídios «tornam difícil a boa vontade» de quem quer ajudar. «Os custos dos exames médicos são suportados por nós, apenas contamos com os donativos porque o resto é pago do nosso próprio bolso», acrescenta.

Outra forma de violência «cada vez mais comum» é o abuso sexual, apelidado de zoofilia. «Antigamente acontecia apenas nos meios rurais, mas actualmente também há imensos casos nas grandes cidades», diz Miguel Moutinho. Cães, gatos, porcos, ovelhas, burros e galinhas, são algumas das «vítimas da taradice dos humanos». «Em certas zonas do interior do país chega mesmo a ser um ritual de iniciação sexual dos rapazes», conta o director da ANIMAL.

«Provar que um animal foi violado é fácil», argumenta Sandra Cardoso. «Além de o animal ficar danificado fisicamente, os homens geralmente deixam restos de sémen e sangue pelo que não seria complicado chegar aos culpados.» No entanto, «ninguém quer suportar os custos dos exames».

Também a pornografia com animais começa a ser comum na internet. «É moda receber e-mails com filmes e imagens de zoofilia. Se repararmos nos números de visitantes desses sites conseguimos perceber que já são muitos os adeptos», afirma a SOS Animal.

Para o terapeuta sexual, José Pacheco, «a curiosidade é normal». «As pessoas têm tendência para valorizar tudo o que é diferente e bizarro, daí a adesão a esses sites.»
Quanto aos violadores, «existem pessoas com enormes privações sexuais, pode não ser uma questão de preferência, mas sim de circunstância», explica o terapeuta sexual. A violação é feita dentro de casa e «o violador sente-se confortável com a situação até porque o animal não se pode queixar e porque as autoridades raramente actuam».

Segundo fonte do Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas «não podem ser postos em causa os parâmetros de bem-estar dos animais, incluindo o abuso sexual». «São proibidas todas as violências que inflijam morte, sofrimento ou lesões a animais», lê-se na legislação. «Perante qualquer denúncia, as autoridades devem apurar a veracidade dos factos e levantar o "auto de notícia"», explica a fonte ministerial. De acordo com a lei, os actos de violências com animais constituem uma «contra-ordenação», punível com multas «entre os 500 e os 3740 euros».

No entanto, «as autoridades fecham os olhos», queixa-se Tomé Barros Queiroz da Sociedade Protectora dos Animais. «Estes actos são considerados pequenos delitos, não são vistos como verdadeiros crimes», acrescenta Miguel Moutinho. «Enquanto se continuar a abrir excepções, como a autorização dos touros de morte em Barrancos, são anos de luta pelos direitos dos animais que vão por água abaixo.»
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